Prognóstico e Complicações
Complicação da mononucleose infecciosa.
por mononucleose infecciosa |
A complicação grave mais frequente é a ruptura do baço, que pode ocorrer em quase 50% dos casos que há esplenomegalia (aumenta no volume do baço). Se há ruptura do baço, pode ocorrer uma hemorragia interna que pode provocar um estado de choque hipovolêmico (redução absoluta e geralmente súbita do volume de sangue circulante em relação à capacidade do sistema vascular) ou pode levar a morte do paciente.
Uma anemia hemolítica pode agravar o quadro, mas como previamente explicado, a anemia é auto-limitante e pode estar associada com púrpura devido à trombocitopenia.
A super-infecção bacteriana faringo-amigdalina, contudo, é a complicação local mais frequente, e pode ser superada com ciclos curtos de antibióticos. No entanto, vale ressaltar que o uso de penicilina e alguns de seus derivados deve ser evitado, devido ao aparecimento de urticária. Como alternativa, são indicados ciclos curtos de macrólidos (antibióticos) como a eritromicina ou a azitromicina.
As vezes a infecção pelo vírus de Epstein-Barr pode se complicar pela presença da síndrome de Guillain-Barré.
Em casos excepcionais (menos de 1%), sobre tudo em imunodeprimidos, uma perigosa encefalite pode se manifestar.
Em alguns indivíduos, provavelmente pré-dispostos por causas congênitas ou adquiridas alteram a resposta imune ao vírus, a infecção primaria não é controlada e o vírus de Epstein-Barr continua multiplicando-se causando uma infecção crónica ativa grave ou muito grave.
Esta síndrome tem tido diversas definições, porque se sobrepõe a outro mal definido como é a síndrome de fadiga crônica e a síndrome hemofagocitária também relacionados com vírus de Epstein-Barr.
Contrária a afirmação dos últimos anos, em pacientes com infecção crónica ativa foi relatado uma maior frequência de neoplasias linfoides originadas a partir de células T e das células NK e não a partir dos linfócitos B, como se observa em geral nos transtornos linfoproliferativos pós-transplantes onde o vírus Epstein-Barr dá positivo.
O vírus de Epstein-Barr em particular, como também outros agentes infecciosos que podem dar lugar a quadros semelhantes ao da mononucleose (citomegalovírus, toxoplasmose, vírus da hepatite, VIH), são algumas das causas reconhecidas da síndrome da fadiga crônica, provavelmente devido aos desequilíbrios que podem provocar ao sistema endócrino. Uma fraqueza intensa durante a fase aguda da doença do beijo confere um maior risco de desenvolver essa complicação posteriormente.
A hepatite fulminante é muito rara e se apresenta principalmente em pacientes com severa imunodeficiência.
Outras complicações raras incluem a orquite (inflamação do testículo), miocardite (inflamação do miocárdio), pericardite (inflamação do pericárdio), úlceras genitais, neutropenia (numero anormalmente baixo de neutrófilos) e pneumonia intersticial (inflamação dos septos alveolares). Em pacientes imunodeficientes a mononucleose pode provocar um quadro de curso hiperagudo grave.
Alguns estudos concluíram que a mononucleose é um fator de risco para a esclerose múltipla.
Outras complicações raras podem ser: encefalite (infecção aguda no cérebro), hemiplegia (paralisia de toda uma metade do corpo), mielite transversa (processo inflamatório das substâncias cinzenta e branca da medula espinal), síndrome de ativação de macrófagos (os macrófagos destroem as células da medula óssea e diminuem todas as linhagens celulares do sangue), crioglobulinemia (grande quantidade de crioglobulina), hemorragias, icterícia leve (coloração amarelada da pele e mucosas), obstrução das vias aéreas superiores por hipertrofia das amigdalas, miocardite, pericardite, pneumonia e nefrite (inflamação dos rins).
Quando os pacientes são atendidos adequadamente e não têm problemas imunológicos, estas complicações apresentam um bom prognostico. Em alguns casos pouco frequentes (e associados com outros fatores genéticos e do meio ambiente), o vírus pode ser cancerígeno.
É possível contrair infecções independentes da mononucleose por muitas vezes, independentemente do fato do paciente já apresentar o vírus de forma inativa. Periodicamente, o vírus pode reativar-se, neste período o paciente se torna agente transmissor, porém não manifesta nenhum sintoma da doença. Em geral o paciente tem poucos ou nenhum sintoma novo embora tenha de forma latente a infecção nos linfócitos B. Contudo em hospedes susceptíveis e sob estressores ambientais adequados, o vírus pode reativar-se e causar sintomas físicos indefinidos, e durante esta fase o vírus pode se propagar a outras pessoas.
A enfermidade do beijo também pode evoluir para crónica (síndrome de fadiga crónica). Além da fadiga contínua, pode haver dor (dor de cabeça, garganta, muscular ou das articulações), sintomas neurológicos e psicológicos (transtornos visuais, problemas de memoria, irritabilidade, dificuldade de concentração, depressão), febre prolongada de 37.5°C, perda de peso moderada, e gânglios sensíveis ao tato.
A presença do vírus de Epstein-Barr se associa com um maior risco de desenvolver alguns tipos raros de câncer: carcinoma naso-faríngeo, a variedade africana do linfoma de Burkitt, o linfoma de células B (especialmente em indivíduos imunodeprimidos) e a doença de Hodgkin. Estes tipos de câncer são muito raros na população saudável porem são mais frequentes nas pessoas infectadas com o vírus.
Através de uma observação puramente clínica dos sintomas que os pacientes apresentam, alguns autores tem sugerido uma correlação entre a mononucleose infecciosa e um maior risco de lúpus eritematoso sistémico. Esta associação, contudo, foi aparentemente recusada por um estudo prospectivo de 30 anos realizado na Dinamarca e concluído em 2007.
Outros estudos tem demonstrado que a presença do vírus de Epstein-Barr estimula a formação de um anticorpo, o que pode contribuir para manutenção do estado inflamatório presente em doenças autoimunes tais como a esclerose sistémica (doença reumática auto-imune), colite ulcerosa (doença inflamatória crónica do intestino grosso), lúpus eritematoso sistêmico (doença autoimune do tecido conjuntivo), e em menor escala, a artrite reumatoide, a síndrome de Sjorgren (doença autoimune que destrói as glândulas que produzem lágrimas e saliva), a espondilite anquilosante (causa inflamações nas articulações da coluna vertebral) e a doença de Crohn (doença crónica inflamatória intestinal).
Contrair a doença durante a adolescência ou fase adulta jovem acarreta risco em dobro de posteriormente desenvolver esclerose múltipla.
Em caso de complicações adicionais testes são solicitados: análise sanguínea (teste de Coombs para encontrar a destruição das células vermelhas do sangue, teste da função hepática para avaliar a função hepática), o estudo de células da medula óssea com biopsia de medula óssea, etc.