Diagnóstico
Testes para ver se você têm mononucleose infecciosa.
Ao fazer o exame de distensão de gota infectada, se observa a forma diferente dos linfócitos, o citoplasma intensamente basófilo e a cromatina nuclear disposta em depósitos irregulares (ver imagem da direita). No entanto, a suspeita deve ser confirmada por um teste sorológico. Os linfócitos atípicos se pareciam com monócitos quando a doença foi inicialmente descoberta. Dai surgiu o termo “mononucleose”.
A analise de rotina (hemograma com formula leucocitária) mostra leucocitose (10.000 a 20.000 leucócitos, às vezes 50.000 por mm³), com inversão da formula leucocitária versus linfo-monocitose (50-60%). No exame de distensão de gota é possível detectar as chamadas “células linfomonocitoides” (ativadas por células plasmáticas) e virocitos (que constituem entre 10-20% dos leucócitos).
Uma leve trombocitopenia (redução de plaquetas no sangue) pode estar presente, enquanto que uma modesta anemia com reticulositose (condição anormal do tecido sanguíneo) e valores baixos ou ausentes de haptoglobina (proteína do plasma sanguíneo) são indicativos de hemólise (destruição dos glóbulos vermelhos do sangue).
O diagnostico é feito através da reação de Paul-Bunnell, a fim de demonstrar a presença de anticorpos heterofilos no decorrer da doença. Este teste tem sido substituído por um mais rápido, embora ainda resulte em uns 25% de casos falsos negativos e uns 10% de falsos positivos
A sorologia demonstra a presença de igM anti-VCA e anti-EA no decorrer da fase aguda. Estes anticorpos desaparecem com a ausência de sintomas e dão lugar a IgG anti-VCA e anti-EBNA que seguem sendo positivos por toda a vida.
Em lactentes e crianças pequenas sao necesarios outros testes, tais como a busca de DNA do vírus Epstein-Barr nos linfócitos B do sangue periférico.
A bilirrubina e a fosfatase alcalina frequentemente não são muito altas enquanto que as transaminases podem alcançar níveis superiores a 200.
Os testes de diagnostico são feitos para confirmar a doença, mas se deve suspeitar da infecção com presença de sintomas antes mesmo dos resultados da hematologia. Estes critérios são específicos, contudo não são particularmente sensíveis e são mais uteis para a investigação do que para o uso clinico. Só a metade dos pacientes que apresentam sintomas e cujos resultados dos testes de anticorpos heterofilos dão positivos, cumprem os critérios completos. Um procedimento chave é diferenciar entre os sintomas da mononucleose infecciosa e outras doenças semelhantes.
Mais uteis no tocante ao diagnostico, são os sinais e sintomas propriamente ditos. A presença de esplenomegalia e adenopatias cervicais posteriores, axilares, e inguinais são os sinais mais uteis para a suspeita no diagnostico da mononucleose infecciosa. Por outro lado, a ausência de adenopatia cervical e fadiga são uteis para descartar a doença do beijo como diagnostico preciso. O exame físico não permite detectar a esplenomegalia (aumento do baço), assim não deve ser usado para diagnosticar a doença do beijo.
No passado, o teste mais comum para diagnosticar a doença do beijo era o teste de anticorpos heterofilos, que envolvia a avaliação destes anticorpos por aglutinação dos glóbulos vermelhos de cobaias como ovelhas e cavalos.
Tal como acontece com os critérios anteriormente mencionados, este teste é especifico porem não particularmente sensível (com uma taxa de falsos negativos tão alta quanto 25% na primeira semana, 15% na segunda e 5% na terceira). Em torno de 90% dos pacientes tem anticorpos heterofilos na terceira semana, que desaparecem em menos de um ano. Os anticorpos envolvidos no teste não interagem com o vírus Epstein-Barr ou qualquer de seus antígenos.
Mais recentemente, foram desenvolvidos testes mais sensíveis como os de imunoglobulina G (IgG) e imunoglobulina M (IgM). O IgG, quando é positivo, reflete uma infecção passada, enquanto que o IgM reflete uma infecção ativa. Quando dão negativo, estes testes são mais precisos para descartar a mononucleose infecciosa. Contudo, quando dão positivo, contam com sensibilidades semelhantes ao teste de anticorpos heterofilos. Portanto esses testes são úteis para o diagnostico da mononucleose infecciosa em pessoas com sintomas muito claros e um teste de anticorpos heterofilos negativos.
Outro teste procura o antígeno nuclear de Epstein Barr, embora não seja normalmente reconhecido até varias semanas da presença da doença, é útil para distinguir entre um inicio recente da mononucleose infecciosa e os sintomas causados por uma infecção previa.
Os níveis elevados de transaminases hepáticas indicam uma alta probabilidade de mononucleose infecciosa e ocorre até em 50% dos pacientes.
Granulomas constituídos por um anel de fibrina pode estar presente.
Diagnóstico diferencial
O diagnóstico de mononucleose infecciosa aguda também deve levar em conta a infecção aguda por citomegalovírus y Toxoplasma gondii. Estas doenças são clinicamente muito semelhantes por seus sinais e sintomas. E porque são geridas da mesma forma nem sempre é útil ou possível distingui-las. Contudo em gestantes, a diferença entre mononucleose e toxoplasmose é importante devido às consequências que trazem para o feto.
- Mononucleose por citomegalovírus, onde é raro o envolvimento da faringe e há negatividade sorológica.
- Toxoplasmose, com quadro semelhante, porem mais suave e com sorologia negativa.
- Leucemia aguda, que se associa com manifestações hemorrágicas, anemia severa, leucopenia e lâminas de sangue periférico com celularidade monomórfica.
- A rubéola, semelhante a linfadenopatia cervical, a astenia e o exantema, se distingue contudo através da sorologia.
A infecção aguda por HIV pode mostrar sintomas semelhantes aos da mononucleose infecciosa, e testes em gestantes devem ser realizados porque o HIV tem consequências para o feto.
Outros transtornos que devem ser distintos da mononucleose infecciosa são as amigdalites, difteria, hepatite, o resfriado comum e a gripe.